terça-feira, 29 de março de 2016

Concordância Verbal com verbos no infinitivo



EM TEXTOS ORAIS E ESCRITOS FORMAIS, OBSERVE O USO DE FORMAS VERBAIS NA LÍNGUA PADRÃO

Para que seja feita a concordância verbal com verbos no infinitivo, precisamos compreender que o infinitivo pessoal é flexionado e que o infinitivo impessoal não é flexionado.

Exemplos – verbo encontrar:

Infinitivo pessoal:
(Eu) encontrar
(Tu) encontrares
(Ele) encontrar
(Nós) encontrarmos
(Eles) encontrarem

Infinitivo impessoal: encontrar

Concordância verbal com infinitivo pessoal (ou flexionado)
O infinitivo pessoal deverá ser usado:
→ Sempre que há um sujeito expresso de forma clara e inequívoca, mesmo em orações reduzidas.

Exemplos:
Isto é para eu fazer durante o intervalo.
Isto é para tu fazeres durante o intervalo.
Isto é para nós fazermos durante o intervalo.
→ Quando se quiser definir o sujeito, através do verbo.

Exemplos:
Acho melhor acabares o trabalho rápido.
Acho melhor acabarmos o trabalho rápido.
→ Quando há indeterminação do sujeito, sendo utilizada a 3.ª pessoa do plural.

Exemplos:
Ouvi jurarem fidelidade ao novo partido.
Vi maltratarem os trabalhadores sem nenhum motivo.
→ Quando o sujeito da segunda oração é diferente do sujeito da oração anterior, podendo este se encontrar ou não claramente expresso.

Exemplos:
A professora não viu os alunos copiarem na prova.
A gerente mandou os empregados participarem na reunião.
Nossa irmã trouxe um livro para nós lermos.
→ Quando o verbo no infinitivo assume a função de sujeito da oração.

Exemplos:
O fazermos tudo o que é preciso às vezes é cansativo.
O trabalharem pouco é desmotivador.

Concordância verbal com infinitivo impessoal (ou não flexionado)

O infinitivo impessoal deverá ser usado:
→ Quando não houver um sujeito definido.

Exemplos:
Estudar é importante!
Ser feliz é um bom objetivo de vida.
→ Com sentido imperativo.

Exemplos:
Parar!
Respeitar os mais velhos.
→ Quando o verbo tiver regência de uma preposição, assumido a função de complemento do substantivo, do adjetivo ou do verbo na oração.

Exemplos:
Foram obrigados a passar fome por causa da crise financeira.
Fui impedida de dar minha opinião.
→ Quando o verbo tiver regência da preposição a, assumido valor de gerúndio.

Exemplos:
Os meninos estão a nadar muito bem.
Ficaram a ver o filme em silêncio.
→ Em locuções verbais, porque é sempre o verbo auxiliar que concorda com o sujeito.

Exemplos:
Os especialistas conseguirão estudar as características daqueles animais.
Ainda bem que meus pais puderam pagar minha faculdade.
→ Com alguns verbos causativos e sensitivos que não formam locução verbal (mandar, fazer e deixar, ver, sentir, ouvir) em conjunto com um pronome oblíquo átono, mesmo quando há sujeitos diferentes nas frases.

Exemplos:
Vi-os correr rapidamente.
Mandaram-na começar a trabalhar.
Concordância verbal com infinitivo impessoal ou pessoal
→ Quando o sujeito é o mesmo nas duas orações, é facultativa a escolha do infinitivo pessoal ou impessoal, mesmo que o sujeito esteja oculto. Contudo, nestas situações, há uma maior preferência dos falantes pela forma no singular.

Exemplos:
Viemos para transmitir as palavras do diretor.
Viemos para transmitirmos as palavras do diretor.
Lá estarão para resolver o problema.
Lá estarão para resolverem o problema.
→ Quando o verbo se encontra na voz passiva ou na voz reflexiva, sendo um verbo pronominal, ou quando for um verbo de ligação, é facultativa a escolha do infinitivo pessoal ou impessoal. Contudo, nestas situações, há uma maior preferência dos falantes pela forma no plural.

Exemplos:
Foram informadas as decisões a serem tomadas imediatamente.
Foram informadas as decisões a ser tomadas imediatamente.
Os atletas treinaram muito para se tornarem os melhores.
Os atletas treinaram muito para se tornar os melhores.
→ Com alguns verbos causativos e sensitivos que não formam locução verbal (mandar, fazer e deixar, ver, sentir, ouvir) e que não aparecem em conjunto com um pronome oblíquo átono, é facultativa a escolha do infinitivo pessoal ou impessoal.

Exemplos:
Deixei entrar as crianças.
Deixei entrarem as crianças.

Dica da Coordenadora Iesse Santos


terça-feira, 22 de março de 2016

Emprego dos Pronomes Demonstrativos


      Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a posição de certa palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode-se dar em se tratando de espaço, tempo ou discurso. Vamos abordar aqui as situações em que o uso de demonstrativos é produtivo ou problemático para o escritor/falante, recomendando o uso dominante nos textos formais.


1. Este, esse, aquele e suas flexões

     Utilizamos estas pró-formas para localizar os nomes no tempo, no espaço e no próprio texto.


• No espaço

     Vale para o uso dos demonstrativos a relação com as pessoas do discurso: este para próximo de quem fala (eu); esse para próximo de quem ouve (tu); aquele para distante dos dois (ele)



Exemplos:

Este documento que eu estou entregando apresenta a síntese do projeto.

Se tu não estás utilizando essa régua, podes me emprestar por alguns minutos?

Vês aquele relatório sobre a mesa do Dr. Silva? É o documento a que me referi.


     Em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los pode causar ambigüidade.

Exemplos:

Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade destinatária).

Reafirmamos a disposição desta universidade em participar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que envia a mensagem).

•  No tempo

Este e suas flexões referem-se ao tempo presente ou futuro.

Exemplos:

Nestas próximas semanas, estarão ocorrendo as inscrições para o festival de poesias.

No final desta semana, a Diretora de nossa escola irá a São Paulo.

Este ano de 2016 está sendo marcado pela violência no Oriente Médio.

Esse e suas flexões referem-se a tempo recentemente decorrido.

Exemplo:

Ninguém esquecerá os acontecimentos desse trágico acidente ecológico em Minas Gerais.
   
Aquele e suas flexões referem-se a um passado mais distante.

Exemplo:

Falávamos daquele período em que as mulheres obtiveram o direito ao voto. 


     Evidentemente, não há limites precisos para o uso de esse e aquele, sendo a última palavra sempre determinada pela adequação ao contexto.

• No discurso

     Quando bem utilizados, os demonstrativos são eficientes elementos de coesão entre o que se está falando e o que já se disse ou irá dizer adiante. Deve-se utilizar este e suas flexões em dois casos: para adiantar o que se vai dizer ou para remeter a algo recém dito, quando esse já-dito comportar mais de uma retomada.

Exemplos:

Nosso povo sofre com muitos problemas, dentre os quais estes: miséria, fome e ignorância.

Admiração, respeito, amizade? Talvez, pensava ela, este (último) seja o mais importante e perene dos sentimentos.

     Outra situação importante ocorre quando queremos retomar por demonstrativos mais de um elemento já mencionado.

Exemplo:

O velho, o índio e o negro são discriminados por motivos diversos: aquele, por ser improdutivo para a sociedade de consumo; esse, por ser considerado atrasado e preguiçoso; este, por não se ter libertado, ainda, do estigma da escravidão.

     Quando se quer retomar apenas dois elementos, elimina-se a forma intermediária esse.

Exemplo:

As crianças da classe média têm um futuro mais promissor do que os filhos de pais das classes menos favorecidas, porque àquelas se dão oportunidades que se negam a estes.

     Veja a ilustração para esses dois últimos casos:

1. Emprego de este, esse e aquele em relação a três termos


Este: indica o que se referiu por último.
Esse: se refere ao penúltimo.
Aquele: indica o que se mencionou em primeiro lugar.


2. Emprego de este e aquele em relação a dois termos citados anteriormente 


Este: indica o que se referiu por último.
Aquele: indica o que se referiu em primeiro lugar.

2. Mesmo, próprio e suas flexões

     Observe as frases:

(a) Ele mesmo digitará o texto final.

(b) Eles mesmos digitarão o texto final.

(c) Ele vai mesmo digitar o texto final?

(d) Eles vão mesmo digitar o texto final?

     Por que será que na frase (b) a palavra mesmo é flexionada no plural e na frase (d) não? A resposta é lógica, e encontra-se na relação que esses termos estabelecem com outros elementos da frase. No caso de (a) e (b), mesmo/s se refere a ele/s, podendo ser substituído por próprio/s; no caso de (c) e (d), mesmo se refere a vai digitar, podendo ser substituído por realmente. Se quiser ir adiante, saiba que mesmo e próprio, no primeiro caso, são pronomes e, como tal, acompanham a flexão do nome; no segundo caso, mesmo é advérbio, e como todos os advérbios são invariáveis.

Fonte: http://www.pucrs.br/manualred/pronomes.php. Acesso em 17 mar. 2016 (com adaptações).

Dica da Coordenadora Iesse Santos

Modalidade escrita formal do ENEM


As variações de registro se dão em conformidade com o grau de formalismo - formal ou coloquial - existente na situação; com o modo de expressão, isto é, se se trata de um registro oral ou escrito; com a sintonia entre os interlocutores, que envolve aspectos, tais como graus de cortesia, deferência, tecnicidade, etc.

      Observe a seguir alguns traços da estrutura da fala no nível coloquial a serem evitados na modalidade escrita formal do ENEM:

• Autocorreções frequentes
Exemplo: O poblema é, desculpe, problema.

• Marcadores de conversação
Exemplos: Então, bom, aí, acho que, certo, quer dizer, etc.

• Marcadores de sustentação da conversa
Exemplos: Entende? Sacou? Certo? Né? Sabe? etc.

• Substituição dos tempos verbais
Exemplos: Vou ir (irei). Quero pagar (pagarei) = com sentido de futuro.

• Palavras indicativas de sensações
Exemplos: Olhe! Escute! Veja!

• Palavras e expressões afirmativas
Exemplos: É lógico... duvida? Claro...

• Partículas enfáticas
Exemplos: Né, tá, ahn, daí...

• Expressões coloquiais
Exemplos: Ela é de menor, um saco, tô por aqui disso, legal, é uma loucura...

• Orações coordenadas
Exemplos: Aí eu saí, fui lá, comprei as coisas e voltei.

• Expressões vagas voltadas para o referente
Exemplos: As coisas, aquilo lá...

• Sequências justapostas
Exemplos: Ele é menor, ele tem 5 anos... e além da natação ele quer também judô também agora... eu não tenho nenhuma tarde pra mim...

• Frases incompletas
Exemplos: Inclusive... se eu tiver...

• Anacolutos
Exemplo: Eu, fizemos a tarefa...

• Repetições, redundâncias
Exemplos: Quer dizer, digo... é... é... sábado...

• Prolongamento de vogais e consoantes
Exemplos: Tô com uma rrrrrrraiva danaaaada.

• Silabação
Exemplo: tenho NO-VE filhos. Entendeu? NO – VE.

• Elipses
Exemplo: Pelo amor de Deus, como você se chama? Maria, ah, tá bom, marquei.

• Tópicos
Exemplos: A festa, bonita. A menina tava contente.

• Redução das palavras
Exemplos: Falô, tá, pego...

Dica do Prof. Fabiano Mesquita (Língua Portuguesa)

quinta-feira, 17 de março de 2016

Festival Intercolegial de Poesia Estudantil


O Grupo Chocalho realiza a terceira edição do Festival Intercolegial de Poesia Estudantil. As inscrições para o festival estão abertas até 31 de maio para estudantes de escolas públicas e particulares. Mais informações acesse o link:

sexta-feira, 11 de março de 2016

A língua padrão

     


    Uma sociedade complexa como a nossa – composta de milhões de pessoas distribuídas por um vasto território e envolvidas numa miríade de atividades diferentes – precisa estimular uma certa padronização linguística para que a interlocução ampla e suprarregional possa realizar-se sem maiores embaraços.

    Essa sociedade vive atravessada, portanto, por duas forças: a diversidade que lhe é própria tende a multiplicar-se indefinidamente a variação linguística. Por outro lado, para manter laços integradores, a sociedade precisa desenvolver meios de relativa padronização, isto é, sem perder a dinâmica diversificadora, precisa cultivar e difundir uma certa variedade – relativamente isenta de marcas muito restritas do ponto de vista social e regional – para ser usada nos meios de comunicação social, no funcionamento do Estado, no ensino.

     A padronização não pode jamais ser entendida como visando aniquilar a diversidade. A variedade padrão tem de ser vista como uma em meio às outras variedades, tendo finalidades e usos bastante específicos.

  Além de servir à comunicação oral de amplo alcance, a variedade padrão está intrinsecamente ligada à escrita porque esta tem a grande vantagem de poder transcender não só os limites locais, como as próprias fronteiras nacionais (um material escrito pode ser lido em qualquer parte do mundo onde haja pessoas que entendam o português como língua nativa ou como língua estrangeira) e mesmo os limites de seu tempo (ainda hoje podemos ler sem dificuldade textos escritos em séculos passados).

    A variedade padrão, principalmente quando ligada à escrita, terá relativa estabilidade: ela tenderá a mudar menos no tempo do que as variedades da fala. Isso se dá porque a escrita é uma atividade que favorece uma maior atenção às formas da língua pelo fato de a realizarmos de modo mais reflexivo, isto é, ao escrever, temos tempo para monitorar detalhadamente nossos passos e, por isso, podemos, ao reescrever ou revisar nossos escritos, fazer ajustes conscientes, bem menos comuns na fala.

   Para favorecer a padronização, as sociedades se utilizam de vários instrumentos, como leis de fixação da ortografia, dicionários e livros de gramática, além do sistema de ensino e dos testes de escolaridade.


O ideal de uma variedade padrão, portanto, é, em princípio, positivo pela sua utilidade social e cultural. Esse ideal, contudo, não pode transformar-se num instrumento de autoritarismo e discriminação social.
 [...]


Dica do Prof. Fabiano Mesquita (Língua Portuguesa)

Extraído e adaptado de:
FARACO, Carlos Alberto. Português: língua e cultura. (Ensino Médio, 1ª série). Curitiba: Base Editora, 2005, p. 164.